domingo, 20 de maio de 2012



Era o último amor. A casa fria, 
os pés molhados no escuro chão. 
Era o último amor e não sabia 
esconder o rosto em tanta solidão. 

Era o último amor. Quem advinha 
o sabor pela escuridão? 
Quem oferece frutos nessa neve? 
Quem rasga com ternura o que foi verão? 

Era o último amor, o mais perfeito 
fulgor do que viveu sem as palavras. 
Era o último amor, perfil desfeito 
entre lumes e vozes passadas. 

Era o último amor e não sabia 
que os pés à terra nua oferecia.

Luís Filipe Castro Mendes


quinta-feira, 17 de maio de 2012


Lembra-teLembra-te 
que todos os momentos 
que nos coroaram 
todas as estradas 
radiosas que abrimos 
irão achando sem fim 
seu ansioso lugar 
seu botão de florir 
o horizonte 
e que dessa procura 
extenuante e precisa 
não teremos sinal 
senão o de saber 
que irá por onde fomos 
um para o outro 
vividos 

Mário Cesariny

segunda-feira, 14 de maio de 2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Solidão


Esta deveria ser a hora 
em que me recolheria 
como um poente 
no bater do teu peito 
mas a solidão 
entra pelos meus vidros 
e nas suas enlutadas mãos 
solto o meu delírio 

Mia Couto

sexta-feira, 4 de maio de 2012



Mesmo que não conheças nem o mês nem o lugar 
caminha para o mar pelo verão

Ruy Belo

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Dia do Sol




Em cada pensamento meu, tem um espírito que vibra, um sol que aquece, um anjo azul, um filme de amor, um sorriso eterno, um desafio.

Em cada momento meu, tem um poema escrito, uma foto rasgada, uma música lenta, um bilhete de eu te amo, um carro chegando.

Em cada sentimento meu, tem o aniversario de um amigo, um colar colorido, uma gota de chuva, um número de telefone, um sussurro no ouvido.

E em cada movimento meu, existe um carnaval em setembro, um arco-íris, uma tempestade em copo d'água, um amor explosivo, uma vontade de voar, uma alegria eufórica, e uma imensa vontade de VIVER.



Kathlen Heloise Pfiffer

quarta-feira, 2 de maio de 2012




Somos folhas breves onde dormem
aves de sombra e solidão.


Somos só folhas e o seu rumor.
Inseguros, incapazes de ser flor,
até a brisa nos perturba e faz tremer.
Por isso a cada gesto que fazemos
cada ave se transforma noutro ser.

Eugénio de Andrade