quarta-feira, 27 de junho de 2012


GAIVOTA 


Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.


Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.


Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.


Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

Alexandre O’Neill




sábado, 23 de junho de 2012


Memórias...



Numa das curvas do caminho ou da vida...

Construindo, desconstruindo, seguindo em frente.
Mudar? Para quê e para onde?
Para perto do mar, onde há silencio e conchas,
agua transparente e brisa para me afagar a pele...

sexta-feira, 22 de junho de 2012


Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.


Vinicius de Morais

quinta-feira, 21 de junho de 2012





Vai-te, Poesia! 

Deixa-me ver a vida 
exacta e intolerável 
neste planeta feito de carne humana a chorar 
onde um anjo me arrasta todas as noites para casa pelos cabelos 
com bandeiras de lume nos olhos, 
para fabricar sonhos 
carregados de dinamite de lágrimas. 

Vai-te, Poesia! 

Não quero cantar. 
Quero gritar!


José Gomes Ferreira
Chegou um novo habitante ao blog, completamente maluco e sempre pronto para a brincadeira!!!
Divirtam-se com a/o Pipoca como eu me divirto e haja sempre um sorriso :)

sexta-feira, 15 de junho de 2012





Mesa dos sonhos


Ao lado do homem vou crescendo

Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente

Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas

Ao lado do homem vou crescendo

E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.


Alexandre O'Neill




Eu amo um sorriso que julgo ter visto em luz do fim-do-dia por entre as gentes apressadas. 


Almada  Negreiros

quarta-feira, 6 de junho de 2012



Quero ser Eu plenamente: 
Eu, o possesso do Pasmo. 
Todo o meu entusiasmo, 
Ah! que seja o meu Oriente!

Mário de Sá-Carneiro