sexta-feira, 27 de julho de 2012

domingo, 15 de julho de 2012



Húmido de beijos e de lágrimas


Húmido de beijos e de lágrimas,
ardor da terra com sabor a mar,
o teu corpo perdia-se no meu.

(Vontade de ser barco ou de cantar.)

Eugénio de Andrade


quarta-feira, 11 de julho de 2012



A meu favor


A meu favor 
Tenho o verde secreto dos teus olhos 
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor 
O tapete que vai partir para o infinito 
Esta noite ou uma noite qualquer 

A meu favor 
As paredes que insultam devagar 
Certo refúgio acima do murmúrio 
Que da vida corrente teime em vir 
O barco escondido pela folhagem 
O jardim onde a aventura recomeça.

Alexandre O'Neill




Se as minhas mãos pudessem desfolhar


Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Federico García Lorca


segunda-feira, 9 de julho de 2012




Não Digas Nada!Não digas nada! 
Nem mesmo a verdade 
Há tanta suavidade em nada se dizer 
E tudo se entender — 
Tudo metade 
De sentir e de ver... 
Não digas nada 
Deixa esquecer 

Talvez que amanhã 
Em outra paisagem 
Digas que foi vã 
Toda essa viagem 
Até onde quis 
Ser quem me agrada... 
Mas ali fui feliz 
Não digas nada. 

Fernando Pessoa

sexta-feira, 6 de julho de 2012




(...)

Sim, posso ser a próxima primavera
se fores o estio que desponta nas manhãs de inverno.


Francisco Valverde Arsénio