quinta-feira, 24 de janeiro de 2013



Ao longo da muralha que habitamos 
Há palavras de vida há palavras de morte 
Há palavras imensas,que esperam por nós 
E outras frágeis,que deixaram de esperar 
Há palavras acesas como barcos 
E há palavras homens,palavras que guardam 
O seu segredo e a sua posição 

Entre nós e as palavras,surdamente, 
As mãos e as paredes de Elsenor 

E há palavras e nocturnas palavras gemidos 
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca 
Palavras diamantes palavras nunca escritas 
Palavras impossíveis de escrever 
Por não termos connosco cordas de violinos 
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar 
E os braços dos amantes escrevem muito alto 
Muito além da azul onde oxidados morrem 
Palavras maternais só sombra só soluço 
Só espasmos só amor só solidão desfeita 

Entre nós e as palavras, os emparedados 
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

Mário Cesariny



Sem comentários: